FOTO: REPRODUÇÃO/DOCUMENTÁRIO 'PROCURANDO IRENICE)
FOTO: REPRODUÇÃO/DOCUMENTÁRIO ‘PROCURANDO IRENICE)

O que muitos consideravam uma rebeldia inata na atleta Irenice Maria Rodrigues era, na verdade, uma postura política clara e ofensiva, na visão dos militares da ditadura.

Atleta do Fluminense, acabaria sendo barrada ao tentar entrar no clube, ao lado de outros atletas. Havia uma festa chique na sede social e os atletas queriam apenas ir para seus alojamentos. Não conseguiram: os porteiros barraram porque estava tendo a tal festa e os atletas eram “negros”.

A carreira praticamente acabou na Cidade do México, durante a Olimpíada de 1968. Antes de disputar qualquer prova, brigou com outra atleta por questões de uso de pista para treino.

Os chefes da delegação esperavam apenas um deslize, e sorriram quando ele veio: considerada uma atleta “indisciplinada”, foi sumariamente desligada da equipe olímpica brasileira e despachada de avião para o Rio de Janeiro. Um dos maiores talentos daquela geração tinha sido “queimado” por conta de sua postura contestadora.

Irenice tentou se manter no atletismo, mas uma série de entreveros por conta de seu comportamento a afastaram definitivamente das pistas em 1971. Pior, teve os frequentes pedidos de bolsa de estudos em universidades privadas recusados por conta de supostas desavenças com outras celebridades do esporte nacional.

Submersa nos meandros da sociedade racista e discriminatória, a atleta desapareceu de cena, aponto de nem os familiares de Itabirito (MG), sua cidade natal, não terem notícias dela por anos. Ela morreu em Minas Gerais em 1981 em um acidente de motocicleta.

Com registros oficiais “apagados”, Irenice ressuscita agora em documentário, que joga luz em um nome pouco conhecido da luta pela afirmação da população negra e contra o racismo.

Clique aqui para ver um trailer do documentário.

Clique aqui para ver entrevistas dos diretores do documentário.