Jornal do Brasil

Fiquei feliz nesta segunda-feira, 31 de janeiro. O embaixador do Iraque no Brasil, Baker Fatah Hussen, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque, Jalal Jamil Dawood Chaya, convidaram-me para almoçar com os senhores Warya Saced Rawandzi e Mahmod Al-Esawy, assessores do presidente do Iraque, Jalal Talabani. Eles me informaram que o presidente iraquiano resolveu encaminhar, ao Conselho de Representantes, projeto de lei com sugestão que fiz durante minha visita a Bagdá, em 2008, acerca da implementação de uma Renda Básica de Cidadania para os 30 milhões de habitantes como um instrumento de pacificação da nação. Na ocasião, acompanhado de nosso embaixador em Amã, Bernardo de Azevedo Brito, visitei alguns ministros de Estado e o presidente do Conselho de Representantes e proferi palestras para os líderes dos principais partidos políticos. Na última quinta-feira, em Bagdá, 48 pessoas foram mortas e mais 90 ficaram feridas, quando um carro-bomba explodiu contra uma tenda onde se celebrava um festival xiita. Em Karbala, a 55 milhas ao sul de Bagdá, outras explosões mataram 159 pessoas. Desde a intervenção militar, ocorrida em 2003, para derrubar Sadam Hussein, em que pese a realização de eleições, a violência parece não ter fim. Quando o ex-primeiro-ministro iraquiano, Ibrahim Al-Jaafari, visitou o Brasil em 2007, contei-lhe acerca da proposição que havia feito a Sérgio Vieira de Mello, então recém-nomeado coordenador de ações da ONU no país. Como o Iraque detém uma das maiores reservas de petróleo do mundo, sugeri que seguisse o exemplo do Alasca de pagar, a toda a sua população, uma Renda Básica de Cidadania, como um direito de todos participarem da riqueza da nação. Sérgio Vieira de Mello ficou entusiasmado com a proposta. Recomedou-a aos iraquianos. Em 1º. de agosto de 2003 telefonou-me dizendo que a proposta estava sendo bem acolhida. Infelizmente, em 19 de agosto daquele ano, foi assassinado. Quando relatei esse fato a Al-Jafaari, ele me convidou a ir ao Iraque explicar, pessoalmente, como funcionava o programa de distribuição de renda no Alasca e a lei que instituiu a Renda Básica de Cidadania no Brasil. Os iraquianos se encantaram com a proposta Em minhas palestras, mencionei o exemplo do técnico brasileiro de futebol Jofran Vieira, o qual possibilitou que a seleção do Iraque vencesse o campeonato asiático de futebol. Segundo Jofran, de início, foi muito difícil persuadir os xiitas a passarem a bola aos sunitas, e daí para os curdos, e assim por diante. Entretanto, no momento em que conseguiu harmonizar o time, levou-o a conquistar o campeonato. Da mesma maneira, acredito que a instituição de um sistema que harmonize as diversas etnias do Iraque, de forma que todos se sintam participantes da riqueza da nação, irá colaborar para a pacificação do país.