Onde estão os nossos desaparecidos? A frase está na parede do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf), na Vila Mariana, em São Paulo, e causa angústia à equipe multidisciplinar de especialistas que corre para identificar ossadas de pelo menos 42 desaparecidos na época da ditadura militar. O volume de trabalho é muito grande, e o prazo de encerramento depende da liberação de recursos federais e municipais.
As ossadas foram encontradas no cemitério de Perus, na zona oeste de São Paulo, em 1990. Após 17 meses de trabalho de análise dos restos mortais, das 1.049 caixas recebidas, 60% delas (626) tiveram seu conteúdo analisado, sendo que 159 caixas possuem mais de um indivíduo dentro. Das 626 já analisadas, há 610 indivíduos com sexo e idade estimados: 481 do sexo masculino e 129 do sexo feminino.
O trabalho tem previsão de término em 2018, mas poderia ser acelerado caso o MEC (Ministério da Educação) e a Prefeitura de São Paulo tivesse liberado recursos ainda presos na burocracia.
O MEC ainda não liberou R$ 500 mil relativos a 2016, enquanto que o chamado Grupo de Trabalho Perus ainda não sabe quando receberá os R$ 900 mil inseridos no Orçamento municipal para 2017. As verbas municipais foram destinadas ao trabalho de identificação na gestão Fernando Haddad, que apoiou incondicionalmente a iniciativa.
Onde estão os nossos desaparecidos? É um direito das várias famílias finalmente encerrarem um capítulo doloroso de suas vidas e um dever do Estado esclarecer e fazer a reparação do crimes cometidos.