Caros Amigos – Edição de Março

A Namíbia é um país situado entre Angola e a África do Sul, banhado pelo Oceano Atlântico, com população de aproximadamente 2,2 milhões de habitantes e renda per capita de cerca de US$ 4300 anuais. O potencial de crescimento da sua economia provêm das riquezas minerais –urânio, cobre, zinco, dentre outros – e da produção agropecuária e pesqueira. Todavia, um de seus maiores problemas é a grande concentração de riqueza e renda. O país tem o maior coeficiente Gini de desigualdade dentre todos os países do mundo, 0,74, em 2007, segundo o último Relatório de Desenvolvimento do PNUD 2010.
No XI Congresso Internacional da Basic Income Earth Network, na Cidade do Cabo, África do Sul, o Premio Nobel da Paz, Bispo Desmond Tutu, exortou a todos os presentes, inclusive a mim, para colocarmos nossas energias na luta pela extinção da pobreza absoluta por meio de um instrumento simples e eficaz: a Renda Básica Incondicional Universal. Ali também estava o Bispo Zephania Kameeta, da Igreja Luterana e presidente da Coalizão da Namíbia pela Renda Básica. Desde então, ele recolhe doações voluntárias de cidadãos da Namíbia, de outros países e das igrejas alemãs para constituir um fundo que financia o pagamento de modesta renda mensal de 100 dolares da Namíbia, equivalente a R$ 22,00, a todos os quase mil habitantes que residem, desde dezembro de 2007, em Otjivero, uma pequena vila rural a 100 km da capital Windhoek.
De 6 a 12 de fevereiro, visitei esta experiência pioneira de Otjivero. Fiquei impressionado com os resultados positivos alcançados, mesmo com a redução do valor mensal a partir de janeiro de 2010, de 100 para 80 dólares da Namíbia. Os moradores receberam-me em festa, externando sua felicidade ao mostrar os resultados da experiência.
Como disse o Bispo Kameeta, essa experiência permitiu que compreendêssemos melhor o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, em que Jesus distribuiu o alimento igualmente para todos. Em Otjivero, graças à Renda Básica, cresceu a demanda por bens e serviços, as pessoas passaram a produzir verduras, frutas, pães, tijolos, roupas etc. A frequencia à escola aumentou, a evasão escolar foi reduzida a zero. A desnutrição infantil desapareceu. A criminalidade baixou 42%.
Reunidos comigo sob a sombra de uma frondosa árvore, os moradores de Otjivero externaram o desejo de que experiência por eles vivida seja estendida para toda a Namíbia.