Audiência pública sobre a Feira da Madrugada (FOTO: ANDRÉ BUENO/CMSP)
Audiência pública sobre a Feira da Madrugada (FOTO: ANDRÉ BUENO/CMSP)

O clima tenso da primeira audiência pública sobre a Feirinha da madrugada se transformou em animosidade no segundo evento do tema, realizado nesta sexta-feira (26/05) no Plenário da Câmara Municipal de São Paulo.

Os comerciantes que trabalham reforçaram as críticas contra o consórcio que administra o local e ampliaram a quantidade de denúncias de má gestão e intimidação.

A audiência foi presidida pelo vereador Souza Santos (PRB), mas o vereador Eduardo Suplicy, um dos integrantes da Comissão de Política Urbana, foi um dos protagonistas do evento, citando a irregularidade ocorrida quando da votação da CPI (Comissão parlamentar de Inquérito) da Feira da Madrugada.

Suplicy contesta a instauração da CPI porque, segundo ele, não foi possível ouvir a leitura que Eduardo Tuma (PSDB), presidente da mesa no momento do requerimento de Adilson Amadeu (PTB). No entanto, disse que vai atender o apelo dos trabalhadores pela apuração da Câmara se a CPI for de fato confirmada.

O vereador espera que a mesa diretora e a Procuradoria da Câmara revejam a votação da CPI, mas disse apoiá-la. “A reivindicação é muito forte de que a Câmara realize a Feira da Madrugada. Eu esclareci a eles, porque acharam que eu tinha votado contrariamente”, afirmou.

Entre as 660 presentes ao evento, a maioria se manifestou a favor da instalação da CPI da Feirinha da Madrugada.

Comerciantes e trabalhadores têm o temor de que a Feira de Madrugada perca as características de comércio popular, se torne um shopping luxuoso e, como consequência, mais caro para os mais de 4 mil pessoas que trabalham no local, muitos deles ex-ambulantes.

Também pedem que o mapa original seja mantido, implementação de taxa social em vez de aluguel, gestão compartilhada, desativação de novas áreas construídas recentemente, cancelamento da licitação feita na gestão Fernando Haddad (PT) por suspeita de fraude e que não sejam transferidos para o setor sul, onde fica o hortifrúti.

A comerciante Alessandra Moreira, 27 anos, viu o pai sair das ruas e calçadas do Brás para dentro da feira, onde fez prosperar seus negócios. “As pessoas vão para o Brás atrás de comércio popular, não de luxo. Os clientes estão atrás de preço. Essa empresa chegou com a proposta de um shopping enorme”, afirmou. De acordo com ela, o ex-prefeito Haddad não consultou os comerciantes antes de conceder a área.

Giuseppe Giamundo Neto, advogado do consórcio que administra a feira, diz que é “totalmente equivocada” a acusação dos comerciantes de que houve licitação na fraude. “O edital passou pelo TCM por mais de uma vez e tem três decisões judiciais validando o edital e o termo de concessão”, afirmou o advogado.