A defesa intransigente da democracia e fortalecimento da participação social de todos os segmentos da sociedade. Esse foi o compromisso assumido por todas as organizações e instituições presentes à audiência pública “Fortalecer a Democracia: conhecendo as lutas dos movimentos sociais”, realizada nesta quinta-feira (8) na Câmara Municipal de São Paulo.
O evento foi organizado pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Casa, presidida pelo vereador Eduardo Suplicy. “Queremos reafirmar a importância dos movimentos sociais que atuam como pilares para o fortalecimento da nossa democracia e para o acesso aos direitos já garantidos na Constituição Federal”, disse o vereador.
Estiveram presentes lideranças e representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Movimento da População em Situação de Rua, Movimento de Negros e Negras, Movimento de Mulheres, LGBT, Indígenas e sindicatos, entre outros setores da sociedade.
A grande preocupação atualmente, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL), é que os movimentos sociais, como o MST e o MTST, sejam criminalizados, como futuros integrantes do governo federal andam sinalizando.
Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST, ironizou a questão: “O MST sempre foi criminalizado desde que surgiu, em 1984, e estamos aqui até hoje. Passamos por muitas coisas e continuamos firmes e fortes.”
Quando soube que, em um evento público realizado ao mesmo tempo que a audiência pública, o futuro secretário da Agricultura do governo estadual de João Doria (PSDB), Gustavo Junqueira, chamou o MST de “movimento terrorista”, Mauro foi elegante: “Acho que ele não sabe o que fala: como ser terrorista produzindo comida orgânica, conhecimento e cultura?”
O líder do MST ainda alertou para a escalada autoritária no país, que pode interferir nas liberdades individuais das pessoas. “A resistência ao governo neofascista virá dos movimentos sociais e da juventude, dos estudantes, da militância que não vai aceitar atentados aos direitos humanos e a liberdade de expressão.”
Carla Vitória, da Marcha Mundial das Mulheres, por sua vez, pede mais atenção à questão da violência contra as minorias. “O Brasil continua um perigo para as mulheres. São quase dez estupros por dia, e ainda temos de ouvir que temos de ficar quietas.”
Um dos relatos mais contundentes foi o de Ivanete Araújo, do Movimento de Moradia na Luta por Justiça. Ela invocou os princípios constitucionais para dizer que é legítima a luta pelo direito à moradia. ” Não podemos ter medo de lutar. Temos direitos de ter moradia digna. E tem mais: mexeu com o MST e com o MTST, mexeu com a gente.”