Seminário “Modo Tucano de Governar: um governo para os ricos”, mostra que gestão Dória e Covas fala muito e faz pouco

O seminário organizado pela bancada dos vereadores do Partido dos Trabalhadores na última segunda-feira, dia 15, mostrou, com dados e depoimentos, que o desmonte das políticas públicas iniciado por João Dória tem continuidade na gestão de Bruno Covas, que completou um ano no último dia 7 de abril.

Em seis mesas que abordaram temas como orçamento, zeladoria, obras de combate às enchentes, manuseio do lixo, educação, cultura, saúde e assistência social, o encontro fez uma análise aprofundada do estado de abandono da cidade e de duas gestões que optaram pelos mais ricos.

Enquanto ficava mais de 100 dias ausente da cidade, Bruno Covas dinamitou serviços, reduziu viagens de vale-transporte e bases do SAMU, desmontou o investimento e, com a mudança do Plano de Metas (link atual plano de metas), transformou zeladoria em investimento.

Cortar custos, desinvestir e sucatear para privatizar parece ser a regra do modo tucano de governar. “A falta de investimento na cidade de SP é alinhada com a política do governo federal. Não há nenhuma pressão por investir, os tucanos não querem investir. Não importa se tem dinheiro ou não, (em caixa), a cada milhão de investimento, você gera 8.7 empregos ”, afirmou Roberto Garibe, ex-Secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, atualmente na Escola do Parlamento.

Foto: Elineudo Meira – Chokito

Na comparação com a gestão de Fernando Haddad, Covas teria triplicar o investimento em seus dois últimos anos para se equiparar à gestão Haddad.

Além da falta de investimento e paralisia de obras, episódios recentes como o confronto desenecessário com população de rua, como o que ocorreu no fim de março na Favela do Cimento, ou medidas como a das restrições ao vale-transporte dos ônibus mostram que Doria e Covas não governam pensam em quem mais precisa, a população mais pobre e da periferia. “Os tucanos não vieram para trazer igualdade para o povo da periferia”, continua Garibe.

A política de educação também é vítima desse “jeito tucano”. “Mesmo as metas do governo Doria/Covas foram diminuídas, o ritmo de criação de vagas em creche não será suficiente para cumprir a metas”, mostra Eduardo Suplicy.

Foto: Elineudo Meira – Chokito

“Disseram que estavam contratando 500 professores, isso é insignificante perante o número total da necessidade, não deve cobrir nem as aposentadorias”, denuncia André Bafume, supervisor da Rede Municipal de Ensino.

A área da cultura, que teve o orçamento diminuído em 10% por Bruno Covas também teve seus dados analisado. Rudifran Pompeu, presidente da Cooperativa de Teatro, disse que o desafio continua sendo levar a cultura para a periferia e como os tucanos gerem o orçamento. “Doria já chega congelando quase 50% do orçamento, nem o Kassab foi tão ruim quanto o governo Doria para cultura. Na época do Haddad, o orçamento era de mais de 500 milhões, no PSDB a gente vê que o que vale é o pensamento do ódio”, afirma Pompeu.O vereador Suplicy ressaltou a importância de se manter projetos de sucesso como as salas de cinema criadas a pela SPCine, com ingressos a preços populares, em equipamentos públicos como CEUs e que levaram milhares de pessoas pela primeira vez ao cinema. “Na cultura queria salientar uma ação importante decisão do governo Haddad, que foi a criação das salas de cinema nas periferias, que também funcionam como locais de encontro das comunidades locais.”

Na mesa de Mobilidade e Infraestrutura ficou patente a disposição tucana para prejudicar quem mais precisa. Américo Sampaio, sociólogo e gestor da Rede Nossa São Paulo, falou tudo o que os tucanos não gostariam que fosse dito, como de costume. Afirmou que é um erro a concepção de que é necessário um reajuste anual e que o transporte público de SP caminha para o colapso. “Cada 0,20 centavos representam uma fortuna para o morador que mora longe. O sistema municipal de transporte público está transportando menos gente e custando mais, para o usuário e para o município. As condições só pioram”, afirma Sampaio.

O vereador Suplicy sugeriu que se fizesse um requerimento para que os dados sobre os acidentes, mortes e condições do trânsito na capital, que eram divulgados regularmente pela CET e deixaram de ser nos dias de Doria na prefeitura voltassem a ser públicos. Isso por que uma das principais promessas de campanha e que se transformou em uma das principais medidas de Doria foi o aumento de velocidades. Diante dos argumentos técnicos a favor da redução da velocidade, que no governo Haddad salvou dezenas de vidas, Doria simplesmente deixou de divulgar os dados.

Américo Sampaio
Foto: Elineudo Meira – Chokito

Jilmar Tatto, ex-Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, também deu seu depoimento e reafirma o que parece que os tucanos fazem questão de esquecer. “Quando você abre avenida só incentiva o uso do carro. O que temos de aumentar são as calçadas, as ciclovias e melhorar o transporte público”.

E todos estes desmontes e cortes são feitos com o caixa cheio. É de se ficar pensando qual seria a razão disso. Em um artigo publicado na Folha de São Paulo, o vereador Donato questiona isso: “A paralisia de ações nas regiões periféricas segue o padrão desta gestão, justamente onde as condições urbanas exigem maiores investimentos em infraestrutura de transporte, drenagem e maior e melhor oferta de serviços públicos e sociais. E não é por falta de recursos. A prefeitura acumula um caixa de mais de R$ 10 bilhões, o que reflete a falta de foco e de capacidade de investir”.

Na mesa sobre Gestão e Finanças, Donato continua. “A privatização é completamente ideológica, não tem um estudo dizendo se era bom ou mau negócio. A Câmara deu um cheque em branco.”

Outro assunto que está na boca de todo paulistano que foi abordado nas mesas foi a reestruturação do SAMU. “A reestruturação do SAMU é uma fraude. A prefeitura quer colocar as equipes em muquifos de 2×2 metros quadrados. É uma tragédia o que estão tramando para cidade de SP”, afirma Sérgio Ricardo Antiquera, presidente do SINDSEP.

Ao fim o vereador Alfredinho afirmou que este será o primeiro de uma série de seminários e que os temas das mesas também terão encontros separados param serem discutidos com mais tempo. Um excelente iniciativa que deveria ser regra.