O vereador Eduardo Suplicy mediou nesta quarta–feira (6), na Câmara Municipal, um improvável encontro entre o vereador Fernando Holiday (DEM) e uma comissão de moradores e trabalhadores do Bixiga – entre os quais estavam José Celso Martinez Correa, dramaturgo que lidera o Teatro Oficina Uzyna Uzona, além de arquitetos e profissionais que defendem a criação do Parque do Bixiga.
Em sua fala no plenário, Suplicy destacou a importância do projeto que cria o parque, do qual é coautor, e pediu que os vereadores contrários ouvissem os apelos dos moradores e da população em geral.
Ao final da sessão, convenceu Holiday, que é contrário ao projeto, a receber uma comissão de apoiadores do projeto 805/2017, que cria o parque no coração da Bela Vista, bairro central da capital.
Holiday recebeu mais de 30 pessoas em seu gabinete, no quinto andar da Câmara, e escutou atentamente os argumentos para a criação do parque – questões que não se restringem às objeções históricas feitas pelos integrantes do Teatro Oficina.
Após uma breve fala de Zé Celso sobre a importância da cultura para o bairro e sobre os riscos que o patrimônio histórico corre – incluindo o tombado Teatro Oficina, o vereador do DEM expôs os seus pontos de vista, argumentando que os investimentos que o Grupo Sílvio Santos pretende fazer no terreno vazio nas esquinas das ruas Abolição e Jaceguai serão importantes para impulsionar a economia da cidade e criar empregos.
Os moradores e artistas questionaram esse argumento principal, afirmando que o impacto urbano que as torres comerciais causará na região será imenso, prejudicando toda a população de São Paulo – para não falar na degradação de um importante patrimônio histórico em todo o bairro da Bela Vista.
Holiday criticou a suposta criação de um novo parque com dinheiro público em um momento que a prefeitura de são paulo estaria sem dinheiro. Esse argumento foi derrubado pelas arquitetas ligadas ao Teatro Oficina, que afirmaram existir diversas alternativas para se criar uma estrutura pública de entretenimento sem que seja necessário o desembolso de verba estadual ou municipal.
Por fim, Holiday e seus assessores dizem não admitir que dinheiro público seja usado para beneficiar pessoas que promovem “cultura com a qual não concordamos, como as peças que são usualmente encendas no Teatro Oficina”.
O argumento foi considerado risível pelos apoiadores do Parque do Bixiga, que ficaram indignados que uma questão de cunho e gosto pessoais possa influenciar uma iniciativa política que pode beneficiar milhares de pessoas na cidade de São Paulo – ou seja, questões estéticas não deveriam pautar negociações políticas.
Ao final da reunião, Suplicy elogiou a cordialidade do encontro e a disposição de Holiday em ouvir Zé Celso e os moradores do Bixiga.