Revista Voto – Edição de Janeiro

Eduardo Suplicy, senador do PT/SP

A cerimônia de despedida de Nelson Mandela chamou a atenção do mundo. Mais de noventa chefes de Estado e milhares de africanos compareceram ao Soccer City Stadium, no bairro de Soweto, em Johannesburgo, no último adeus a Madiba, o grande líder do século XX.
Emocionou-me profundamente, durante a Cerimônia Religiosa Oficial em Memória de Nelson Mandela, ver o presidente Barack Obama, dos Estados Unidos da América, subir, em passos rápidos, as escadarias do Soccer City Stadium parar diante do presidente Raúl Castro, de Cuba, cumprimentá-lo com um aperto de mão e, na sequência, o breve mas histórico diálogo estabelecido entre os dois presidentes. Eu senti, ao ver essa cena, a presença pacificadora e o exemplo de homem público desprovido de rancor que caracterizam a personalidade de Nelson Mandela.
Avalio que esse encontro amigável entre os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba, ocorrido sobre a égide do culto à memória de Nelson Mandela, será um sinal para a aproximação entre os dois países, com o fim do embargo econômico, comercial e financeiro e a liberação do movimento entre as duas nações vizinhas, mas tão distantes nos últimos cinquenta anos.
Minha esperança é de que os exemplos de Nelson Mandela possam servir para todos os povos e nações do mundo, como serviu para aproximar Barack Obama e Raúl Castro nesse histórico dia 10 de dezembro de 2013.
Milhares de sul-africanos foram a Pretória levar seu adeus ao homem que, de forma suave, fez a transição do violento regime do apartheid para a democracia.
Madiba foi enterrado na amada terra de seus ancestrais, Qunu. E é de lá, entre as rochas lisas das colinas, que ele vai continuar a olhar o mundo e, espero, a inspirar todos nós.