O vereador Eduardo Suplicy esteve na noite desta quarta-feira (14/06) 1ª Delegacia Seccional da Polícia Civil de São Paulo para acompanhar o depoimento de Leandro Ferreira, seu assessor, que foi agredido pelo vereador Camilo Christófaro (PSB).

Na delegacia, Christófaro disse a Suplicy que bateu em Leandro porque este havia batido e machucado o braço de Bárbara Diniz, assessora de Camilo.

Em quatro vídeos é possível ver, por diferentes ângulos, que Leandro Ferreira está sempre segurando seu celular com as duas mãos para cima.

Leandro em nenhum momento bateu em Bárbara, nem mesmo após ser agredido por Camilo o assessor de Suplicy esboça qualquer reação violenta.

Para Suplicy, está evidente que Camilo faltou com a verdade. “Tomarei as devidas providências para esclarecer a questão”, disse Suplicy.

No plenário da Câmara, Suplicy se pronunciou durante a sessão desta quarta-feira (14/06) sobre a questão. Ele relembrou o caso contando como Leandro Ferreira foi agredido, com vários vídeos comprovando o ataque do vereador Christófaro e que há testemunhas de que Ferreira não agrediu ninguém.

“O vereador Camilo falta com a verdade quando diz que apenas defendeu sua assessora, que também faltou com a verdade. Meu assessor Leandro Ferreira não agrediu a funcionária Bárbara Diniz, e as imagens mostram isso”, disse Suplicy. “Temos cinco testemunhas que viram o ataque a Leandro que este nada fez contra Bárbara – entre elas estão o veterano jornalista Lázaro de Oliveira e a GCM classe especial Flávia, que atua na Câmara.”

Leia a seguir texto de Leandro Ferreira publicado nas redes sociais:

Terá que se ouvir por mais zil anos:

Eu vivo em uma bolha pequena de gente que é, em sua maior parte, de esquerda, de trajetória relativamente universitária e de valores de mundo próximos aos meus. As mídias sociais aprofundam a bolha. Ontem, tive a impressão de quase toda ela ter tomado conhecimento de uma agressão que sofri do vereador Camilo Cristófaro, que é cheio de desafetos. Foi muito aconchegante que muit@s companheir@s tenham se solidarizado e se preocupado comigo, especialmente enquanto eu tomava um chá de cadeira na delegacia para qual fui conduzido.

O episódio em si está devidamente registrado. Teve gente até fazendo tira-teima de diferentes ângulos, tantas foram as câmeras apontadas para a situação. Eu estou bem! Apesar do tapão e do tropicão, não fiquei lesionado (posso ser escalado para o próximo jogo, mas não um card de lutas).

O mais impressionante aconteceu fora das câmeras:

Fui conduzido para a 3ª delegacia de polícia, que fica junto a 1ª seccional da polícia, na rua Aurora com a Avenida Rio Branco pela Guarda Civil Metropolitana que atua na Câmara Municipal. Na viatura estava também o senhor de jaqueta vermelha que aparece sendo segurado no vídeo. O

primeiro problema é que a área da Câmara Municipal é de responsabilidade da 1ª delegacia de polícia, que fica na Liberdade. Tanto é assim que o inquérito correrá na Liberdade, não para onde fui levado. Segundo, não sei porque fui parar nesta outra delegacia, mas a escolha de ir para lá pareceu ter sido do Camilo Cristófaro que foi em carro particular à frente da viatura que me conduzia.

Lá chegando, o terceiro e maior problema: Camilo Cristófaro e sua equipe foram ouvidos antes de mim e antes de todo mundo que aguardava atendimento na delegacia. Sem nenhum tipo de informação, eu passei mais de 2 horas aguardando uma orientação sobre se eu, sequer, seria autorizado a prestar queixa naquele local.

Quando subi para dar depoimento, o advogado que me acompanhava, Giordano Magri, enfrentou comigo a boa e velha cara feia, tendo questionado, inclusive, seu direito de participar.

Não deixamos barato, claro. Liberado o acesso, fomos ao escrivão. Essa parte parece inacreditável, mas quando sentei para relatar o ocorrido, fui informado de que era eu o agressor contra as vítimas Camilo Cristófaro e sua assessora. Por cerca de uma hora, nossa briga foi para que eu fosse ouvido na condição de vítima, não na de agressor!
Se vocês acham que a esquerda briga por cada palavra em declaração final de congresso, procure saber o que é disputar com um policial uma acusação contra um político de direita! Tive que solicitar ao menos 3 vezes que constasse no b.o. que eu declarava não ter encostado na assessora do vereador que me agrediu. Pedi até que constasse que eu estava de braços para o alto. A primeira versão que foi impressa e que me foi dada para assinar não tinha essa informação e me colocava claramente como agressor. Pedimos a revisão de imediato.

Depois de bater o pé, o tratamento melhorou, mesmo, com a chegada do Eduardo Suplicy à delegacia. O delegado demorou para aparecer, mas autorizou a mudança da qualificação dos participantes. No final, tanto eu, quanto Camilo, figuramos como Agressor/Vitima, e a moça, que também está nos vídeos, é vítima. Vítima de mim!

O que mais se mantém na cabeça nessas horas, que imagino que seria comum para qualquer militante de esquerda, é que se eu, de renda relativamente alta, cursando pós graduação em universidade pública, com advogado da USP, trabalhando para o Suplicy, com o mesmo ao meu lado, sofri na principal porta de entrada ao sistema de justiça do país, que é a delegacia, imaginem o acontece com os públicos vulneráveis.

Quando o Camilo chegou a delegacia, por exemplo, passou na frente dos Africanos e Bolivianos que estavam na sala de espera para poderem fazer um procedimento que provavelmente é muito mais simples do que o que passamos. Um rapaz preso em flagrante antes que chegássemos lá teve que esperar acabar o espetáculo todo, incluindo a minha parte, para sair carregado num porta malas de viatura.

Fico muito triste de pensar que este senhor teve mais de 29 mil votos para ser vereador. Trata-se de um Estádio do Pacaembu com público muito bom que acordou domingo de manhã e votou nele. Fico me perguntando se arquibancadas e arquibancadas de gente estariam tão dispostas, assim, a hipotecar a alguém como ele o direito de utilizar a força física conforme seu julgamento.

Ao fim e ao cabo, fica evidente a aproximação cada vez maior da pós verdade (a moça, que eu nunca tinha visto, já fez um vídeo com tipoia, soro e cenário de hospital para dizer que cometi uma agressão de gênero) ao fascismo, às formas de exercício não legítimos da força. Os negócios espúrios que tem a política como arena de rolamento progridem a um ritmo feroz que nos toma a esperança de um mundo melhor.

Mas apenas momentaneamente:

Segundos antes de sair do gabinete para verificar o barulho da confusão no corredor, eu tinha acabado de fazer uma ligação. Liguei para a assessoria do vereador Fernando Holiday para agendar um diálogo dali a pouco entre o Suplicy, o vereador do DEM e suas assessorias.

Holiday pediu vistas do projeto de lei da Renda Básica de Cidadania que tramita na Câmara Municipal em reunião da Comissão de Administração Pública, o que é um direito dele que nós respeitamos muito! Nossa intenção era apresentar amplos argumentos em prol de uma renda básica, o que eles já tinham mencionado que teriam o interessante de ouvir. Eles toparam o diálogo. Ficou pendente por conta da confusão, mas espero fazer isso ainda hoje, antes da reunião da comissão, às 14h.

Quem sabe o Sr. Cristófaro possa aprender um pouco com este esforço….

Da minha parte, vou cultivar a alegria do mundo em nome da democracia e da igualdade, que seguem sendo meus maiores valores na vida.